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Página:O Hóspede.djvu/74

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desejos de luta, vontades de lançar-se inteira e cegamente à conquista de afeições. Havia muito que sonhava coisas destas, batalhas encarniçadas feitas de sorrisos e de calembures. Ao seu espírito romantizado agradariam muito mais umas encenações medievais, uns montantes pesados de ferro a arrastarem-se pelos lajedos do castelo indo tudo liquidar-se ali adiante nos fossos onde devia ficar o corpo de um dos combatentes. Mas era preciso conformar-se com o espírito da época e aceitar o combate no terreno em que lhe ofereciam.

Entretanto tinha começado o almoço e cada qual acomodava-se no lugar que ocupara na véspera, sem pronunciar uma só palavra, naquele grande silêncio em que se geram os tristes pensamentos. D. Augusta presidia a refeição, com o seu eterno sorriso de cortesias ferinas, como que a petrificar-lhe os lábios, quedando-se flácidos e amolecidos, apenas a remexerem-se para a deglutição da comida. O Valentim circulava preguiçosamente, mudando os pratos, fazendo de longe em longe uma pergunta relativa ao serviço, sua voz a perder-se no imenso da sala. E o Marcondes sentia-se opresso e desajeitado, sem coragem