Página:O Momento Literario (1908).pdf/267

Wikisource, a biblioteca livre

inédita Assim falou Sin-ur. — Como eu o fosse procurar, no meio do gabinete loiro e satânico, o mágico desembrulhara o manuscrito e dissera:

— Dou-te para exemplo concreto o quarto capítulo desse poema em prosa, cuja epígrafe é A Vida.

Já dez horas tinham batido nas torres das Igrejas.

Magnus Sondhal é o nosso sar Peladan, o escritor complicado, cheio de palavras exóticas. Na sua mesa há seis qualidades de tintas, desde o vermelho carmim à cor de violeta: em cada tinteiro uma pena descansa. O hierofanta escreve como um pintor: Tudo é delicadeza de sensação, assombro, incognoscível...

Logo que acaba de ler a ode nietzscheana da vida, Magnus limpa o pince-nez e fala com um ar de regato tranqüilo:

— Confesso que me sinto em sério embaraço para satisfazer aos teus quesitos, máxime quanto à segunda questão, não só pelo modo — geral — por que são formulados, como também, e principalmente, pelo fato de se referirem a assuntos mais relativos à Erudição do que à Invenção.

No entanto sou obrigado a dizê-lo — embora no meio atual deponha contra mim! — que sou puramente, um — CRIADOR, tendo posto fora toda a minha velha Erudição como Bagagem inútil e incômoda.