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XXXII

Na caverna da Cuca


VOLTANDO os dois na maior pressa para os dominios da Cuca, encontraram-na com um estranho ar de riso na horrenda boca, a falar sozinha, como se estivesse muito satisfeita da vida. Assim, porém, que os viu de novo por lá, a bruxa estremeceu e o seu sorriso transformou-se numa careta de colera e desespero.

— Conseguiram voltar? exclamou traindo os seus maus pensamentos.

— Está claro que sim! respondeu o saci.

— E trouxeram o fio de cabelo da Iára?

— Está claro que sim! repetiu o saci. Ei-lo aqui, disse, apresentando á horrenda megéra o verde fio de cabelo da Mãe d’Agua.

A Cuca estorceu-se toda dentro do novelo de cipós num supremo arranco para libertar-se daquela prisão. Nada conseguindo, pôs-se a vociferar e a soltar pela horrivel boca uma espuma venenosa.

Aquela historia da Iára e do fio de cabelo tinha sido apenas um embuste de que lançara mão para perder o menino e o saci, na certeza de que nenhum deles resistiria aos encantos da Iára. Mas vendo que se tinha enganado, debatia-se no maior acesso de colera e desespero, sentindo-se completamente vencida. E por quem! Por um menino de nove anos e mais um sacizinho...