— Chega! interrompeu dona Benta, com medo que alguma pelotada errasse a onça e acertasse nela. Mas além de onças ha cobras.
— Cobra? repetiu Pedrinho com cara de pouco caso. Cobra mata-se com um pedaço de pau. Cobra! Como se eu lá pudesse ter medo de cobra!...
— E ha aranhas caranguejeiras, daquelas peludas e grandonas, que comem passarinho.
— Aranha mata-se com o pé, vóvó, assim! respondeu Pedrinho, matando com o pé, ali mesmo na sala, uma duzia de enormes aranhas imaginarias, para melhor convencer a velha da sua habilidade em matar caranguejeiras.
— E ha tambem sacis, concluiu dona Benta.
Pedrinho calou-se. Embora nunca o tivesse confessado a ninguem, percebia-se que de saci, sim, ele tinha medo.
Ele e todos os meninos das redondezas — os caboclinhos, os negrinhos. Não havia um só que não conhecesse historias do saci e não tivesse um especial medinho do moleque duma perna só.
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