uma peneira destas e fica-se esperando um dia de vento bem forte, em que haja rodamoinho de poeira e folhas secas. Chegada essa ocasião, vai-se com todo o cuidado para o rodamoinho e zás! joga-se a peneira em cima. Em todos os rodamoinhos ha saci dentro, porque fazer rodamoinhos é justamente a principal ocupação dos sacis neste mundo.
— E depois?
— Depois, se a peneira foi bem atirada e o saci ficou preso, é só dar jeito de botar ele dentro de uma garrafa e arrolhar muito bem. Não esquecer de riscar uma cruzinha na rolha, porque o que prende o saci na garrafa não é a rolha e sim a cruzinha riscada nela. E´ preciso ainda tomar a carapucinha dele e a esconder bem escondida. Saci sem carapuça é como cachimbo sem fumo.
Eu já tive um saci na garrafa, que me prestava muito bons serviços. Mas veio aqui um dia aquela mulatinha sapéca que mora na casa do compadre Bastião e tanto lidou com a garrafa que a quebrou. Bateu logo um cheirinho de enxofre. O perneta pulou em cima da sua carapuça, que estava ali naquele prego, e — "Até logo, tio Barnabé!"
Depois de ouvir tudo com a maior atenção, Pedrinho voltou para casa decidido a pegar um saci, custasse o que custasse. Contou o seu projeto a Narizinho e longamente discutiu com ela sobre o que faria no caso de escravizar um daqueles terriveis capetinhas. Depois de arranjar uma boa peneira de cruzeta, ficou á espera do dia de S. Bartolomeu, que é o dia mais ventoso do ano.
Custou a chegar esse dia, tal era sua impaciencia, mas afinal chegou, e desde muito cedo Pedrinho foi postar-se no terreiro, de peneira em punho, á espera de rodamoinhos.