que só nós, que aqui nascemos e vivemos toda vida, somos capazes de interpretar. Um bobinho da cidade, como você, entende tanto da natureza como eu entendo de grego.
— Realmente, saci! Estou vendo que aqui na mata sou um perfeito bobinho. Mas deixe estar que ainda ficarei tão sabido como você.
— Sim, com o tempo e muita observação. Quem observa e estuda, acaba sabendo. Aqui, porém, nós não precisamos estudar. Nascemos sabendo. Temos o instinto de tudo. Qualquer desses bichinhos que você vê, mal sai dos casulos e já se mostra espertissimo, não precisando dos conselhos dos pais. Bem consideradas as coisas, Pedrinho, parece que não ha animal mais estupido e lerdo para aprender do que o homem, não acha?
O orgulho do menino ofendeu-se com aquela observação. Um miseravel saci a fazer pouco caso do rei dos animais! Era só o que faltava...
— O que você está dizendo, replicou Pedrinho, é tolice pura sem mistura. O homem é o rei dos animais. Só o homem tem inteligencia. Só ele sabe construir casas de todo o jeito, e maquinas, e pontes, e aeroplanos, e tudo quanto ha. Ah, o homem! Você não sabe que o homem é, saci! Era preciso que tivesse lido os livros que eu li em casa de vóvó...
Não adicionar a ilustração