querendo arrancar dos canteiros essa flor amarela, de cheiro enjoativo, só porque se chamava cravo-de-defunto. Mas dona Benta não consentia.
— Deixe o coitado aí. Que culpa tem de ser feio? Os feios tambem têm o direito de viver.
— Mas alem de feio é de defunto, vóvó, dizia a menina fazendo careta.
— Ora, ora! replicava dona Benta. Todos nós não vamos virar defuntos tambem, um dia?
E o cravo-de-defunto ia ficando.
O pomar, sim, não tinha uma só arvore que Narizinho quisesse arrancar. Muito velho, mais velho ainda do que dona Benta, pois havia sido plantado pelo pai dela. Havia quanto pé de fruta ha no mundo, desde a jaca, que é a maior de todas, até a marianeira, que é menorzinha. Cambucás, mangas, pitanga, jaboticaba, grumixama, cabeluda, sapoti... tudo, tudo!
As arvores, porém, eram tão idosas e tão cobertas de musgos e parasitas que os vizinhos caçoavam. Costumavam dizer: “O pomar de dona Benta está tão velho que qualquer dia começa a caducar. A jaqueira pega a dar pitangas e as pitangueiras pegam a dar jacas”. Mas dona Benta não fazia caso. Não admitia que se cortasse uma só arvore, porque cada uma delas lhe lembrava uma porção de coisas do seu tempo de mocidade.
E tinha razão, porque era impossivel haver no mundo um lugar mais sossegado, mais cheio de passarinhos, mais agradavel da gente passear nele e ficar ali, na sombra duma arvore, pensando na vida e deixando o tempo correr.
Não sei se contei que no terreiro havia um mastro de S. João. Pois havia, sim. Um mastro que Pedrinho reno-