A gente pobre inclinava-se mais à explicação de umas três ou quatro beatas do lugar. Segundo a lição das veneráveis matronas, a causa do desmantelo e ruína da rica propriedade fora o feitiço.
A Fazenda do Boqueirão era mal-assombrada; e em prova do que afirmavam, além de umas historias de almas de outro mundo, cem vezes resmoneadas entre os costumados biocos, mostravam de longe a cabana do pai Benedito.
Esse argumento era peremptório. Assim, nenhum dos moradores passava naquele sitio, que não estugasse o passo ou esporeasse a cavalgadura, lançando um olhar de esguelha à velha cabana de sapé, e sentindo os cabelos se erriçarem com um súbito calafrio.
Os espíritos fortes não faziam caso dessas abusões; mas arranjavam-se de modo que nunca tinham necessidade de passar naqueles sítios depois do lusco-fusco; salvo quando levavam boa e alegre companhia.
É natural que já não exista a cabana do pai Benedito, último vestígio da importante fazenda. Ha seis anos ainda eu a vi, encostada em um alcantil da rocha que avança como um promontório pela margem do Paraíba.