Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/166

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fazia vagar por suas margens, envolvia-se, como em um sudário, na solidão fria e glacial, exalando pelas fendas do penhasco o lúgubre estertor do remoinho, a se estorcer em convulsões. Debalde pululava aí sob aquela vegetação linfática, a geração abundante de medonhos répteis, que produz sempre nos climas tropicais, o consórcio da água profunda com o rochedo cavernoso.

Nenhuma dessas ameaças do ermo, nenhuma dessas cóleras da natureza selvagem, fez recuar o menino.

Ele avançava, hesitando, é verdade; seu coração batia mais apressado; seus olhos inquietos moviam-se com extrema mobilidade de um a outro lado; frequentemente voltava a cabeça imaginando que um perigo qualquer o seguia passo a passo e estava prestes a cair-lhe sobre. Às vezes parava para escutar os rumores indefiníveis da floresta, essa voz estranha que toma quase ao mesmo tempo todos os tons, desde o gemido até o grito humano, desde o zumbir do inseto até o rugir do tigre, desde a gota que borbulha até à catadupa que ribomba.

Mas a pouco e pouco, Mário foi-se familiarizando