Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/176

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A trêmula ondulação foi-se estendendo; e deixou ver distinta a sombra do objeto que a produzia. Era o botim de Mário, cujo corpo verticalmente submergido, não se percebia ainda. A agitação constante do pé do menino, e os esforços violentos que fazia para subir à superfície, revelavam uma luta desesperada.

Com efeito, o intrépido nadador, descendo a prumo ao fundo do abismo, tivera a felicidade de encontrar ao alcance da mão o corpo de Alice, arrebatada pelo torvelinho. Enlaçando-lhe com o braço o colo e a espádua e estreitando-a ao seio, procurou surdir; mas, além do ímpeto do remoinho, o peso dos vestidos alagados e da própria roupa que não tivera tempo de tirar, tornavam a empresa talvez superior às suas forças.

Mário havia afrontado o abismo; mas só, com os dois braços livres, sem roupa que o tolhesse. Era muito diferente agora que só tinha um braço livre, e esse único, para esforço triplo.

Não obstante ele continuava a lutar. Achava-se justamente no lugar mais estreito do remoinho, no que se poderia bem chamar a faringe do abismo. Era aí o foco do turbilhão; era aí que a onda angustiada