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Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/181

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pela angústia, e que enfim torna à vida, não davam passagem à palavra.

Entretanto, quando seus lábios se moveram, articulando sons, nada se ouviu, é verdade, mas sentiu-se que uma alma se derramava pela superfície do lago, e que essa alma se prostrava aos pés de Mário, como uma adoração e ao mesmo tempo uma abnegação. Adoração por vê-lo vivo ainda; abnegação para o salvar morrendo se preciso fosse.

— Uma corda, Benedito; um pau!...

A mão do menino sobrenadando completou seu pensamento. Os dedos crispados fortemente estavam reclamando um apoio à flor d'água, um ponto onde se firmasse a alavanca humana para suspender o corpo de Alice.

Mário mergulhara quatro vezes.

Benedito, na posição em que estava, lançou um olhar de desespero ao lago, à rocha, ao céu. Ali, embutido como um tronco naquela penedia bronca, pairando sobre o abismo no qual o menor movimento podia precipitá-lo; cercado apenas de pedras e sarças encarquilhadas, como podia ele achar prontamente, ao alcance do braço, o esteio