Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/202

Wikisource, a biblioteca livre

Momentos decorridos, Alice, entrando no gabinete, achou o barão de bruços com a cabeça vergada sobre os braços que tinha cruzados em cima da banca. Ao toque da mão da filha estremeceu. Custou a levantar a fronte e quando o fez, pareceu a Alice que tinha os olhos úmidos; mas ele se afastara ao erguer-se, de modo que não pôde a moça verificar o reparo.

— Mário é orgulhoso, minha filha, tem os prejuízos de certos moços pobres. Mostrou dificuldades; mas havemos de vencer os seus escrúpulos; fica sossegada. Até logo. Quero examinar umas contas.

Alice moveu a cabeça com ar de dúvida.

— Se Mário fosse muito rico e eu muito pobre, acredito que seria ele o primeiro a pedir. Como pois recusaria aquilo que esperava de mim, e que eu não hesitaria em fazer? Não; há outra razão, meu pai! murmurou a menina com um acento profundo.

O barão estremeceu.

— Qual?... disse ele pálido e balbuciante.

— Ah! Se eu soubesse! exclamou ela levando a mão ao seio e erguendo ao céu os belos olhos.