Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/63

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— Você está moça, e eu devo tratá-la por todos os títulos com respeito que não sabia ter quando menino. Mas desculpe aquele roceirozinho atrevido e malcriado que lhe fez derramar tantas lágrimas. Era uma criança doentia!...

— Pois eu gostava bem dele, assim mesmo como era.

Mário ficara pensativo e como engolfado em uma ideia penosa que lhe surgira dos refolhos d'alma, onde jazia dormida desde muito tempo. Alice percebendo a súbita melancolia, cuja causa pensou adivinhar, quis prender do novo o espírito do moço à sua jovial garrulice.

— Você naturalmente não gostará de nossa festa, Mário; acostumado aos divertimentos da Europa, que atrativo pode achar nesta função da roça?

— Mas o Natal é uma festa campestre, Alice; e seu encanto está justamente nesse ar rústico e simples que costumamos dar-lhe. Não conheço nada mais ridículo do que um Natal nos salões, enluvado e perfumado como um baile de Corte.

— Pensamos da mesma maneira, exclamou a menina com um contentamento extremo.

— A sua festa, Alice, quanto posso julgar pelo programa, deve