ser mantido, porque está arruinando cada vez mais o país, e eles querem que essa instituição continue a ser legalmente respeitada. Acabe-se com a escravidão, tenha-se a coragem de fazê-lo, e ver-se-á como os abolicionistas estão lutando no interesse mesmo da agricultura e de todos os agricultores solváveis, sendo que a escravidão não há de salvar os que não o sejam, exceto à custa da alienação das suas terras e escravos, isto é, da sua qualidade de lavradores. Continue, porém, o atual sistema a enfraquecer e corromper o país, aproximando-o da decomposição social, em vez de ser suprimido heroicamente, patrioticamente, nobremente, com o apoio de grande número de proprietários esclarecidos, e que ousam renunciar “a sua propriedade pensante”,[1] reconhecendo os direitos da natureza humana: o futuro há de infelizmente justificar o desespero, o medo patriótico, a humilhação e a dor que o adiamento da Abolição nos inspira.
Analisei detidamente algumas das inúmeras influências contrárias ao desenvolvimento orgânico do país, exercidas pela escravidão: nenhum espírito sincero contestará a filiação de um só desses efeitos, nem a importância vital do diagnóstico. A escravidão procurou por todos os meios confundir-se com o país e na imaginação de muita gente o conseguiu. Atacar a bandeira negra é ultrajar a nacional. Denunciar o regime das senzalas é infamar o Brasil todo. Por uma curiosa teoria, todos nós, brasileiros, somos responsáveis pela escravidão, e não há
- ↑ Victor Schoelcher.