se encaminha a hora tremenda! E que importa? Aqui entre injúrias, como um vil criminoso; no Oriente, misturando o sangue com a terra que bebeu o do Salvador, lá fora dessas muralhas, em nobre lide de cavaleiros; tudo é morrer! Que importa?... - E depois com um brado de agonia como respondendo a si mesmo: - Muito, muito! porque amo; porque a vida é doce para mim por ela! porque a morte ignominiosa é ignomínia para a amante do homem que expirou em suplício infame. Um cavalo e uma espada! Que me dêem um cavalo e uma espada, e depois dez, vinte, cem guerreiros que me acometam, que me despedacem ferindo-me a um tempo! Cairei com honra! Dirão dela: "Eis a que amava um cavaleiro de esforço que bem soube morrer!..." Ao menos assassinai-me aqui!... nos tratos... como vos aprouver... mas não mancheis de opróbrio a minha hora derradeira!... Infante de Portugal, infante de Portugal! vem salvar-me! olha que querem cobrir de infâmia o teu Egas!
E Egas, porque era ele, parecia aspirar o ruído longínquo dos ginetes de Afonso Henriques precipitando-se para os muros de Guimarães; mas nos seus ouvidos apenas sussurrava aquele zumbido duvidoso que se crê