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Página:O bobo (1910).djvu/294

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amparar-se dentro dos fortes muros e torres do Castelo de Guimarães? É o que não nos diz a história. Pouco importa: di-lo-emos nós. A história não conheceu Dom Bibas, e Dom Bibas, muito em segredo o revelamos aqui aos leitores, nos oferece a chave deste mistério. O bobo tornara impossível semelhante arbítrio, e porventura ajudara a descer do céu a bênção que cobriu as armas de Afonso Henriques.

Este não se esquecera do modo por que e do caminho por onde o esforçado senhor da Maia escapara às garras do nobre tigre de Galiza. A lança de Gonçalo Mendes não reluzira enristada ao sol da peleja. Quando, porém, esta andava mais acesa e travada, vários besteiros, que se viam ao longe guarnecendo os adarves e eirados das muralhas e torres do temeroso castelo, começaram a vacilar e correr de um para outro lado, e daí a pouco alguns deles, tombando por entre as ameias, fizeram espadanar as águas encharcadas e verde-negras do fosso. Os habitantes do burgo, correndo a indagar a causa do terrível espectáculo que presenciavam, sentiram misturarem-se lá no alto as aclamações ao infante com os gritos e gemidos dos que morriam. A ponte levadiça ergueu-se entretanto, e os burgueses olhando de novo para os muros viram-