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Página:O bobo (1910).djvu/296

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abriram-se de par em par e dentro ouviu-se o som do melodioso órgão, enlevo das damas da corte da bela infanta, e o canto dos monges, que entoavam as orações do ritual antigo para chamar a bênção do céu sobre a cabeça do príncipe que devia voltar vencedor dos seus inimigos.

A revolta começava no burgo pela liturgia monástica. Não havia dúvida de que Fr. Hilarião tornara ao mosteiro, porque a voz fraca e trémula do velho abade entoara as palavras do salmo Deus se compadece de nós - e os quíries dos outros monges haviam após isso reboado no templo e sido interrompidos novamente por Fr. Hilarião, que cantava: Levanta-te, oh Senhor - ao que os seus confrades respondiam na toada solene do canto gregoriano. Depois de várias orações, durante as quais muitos burgueses tinham sucessivamente entrado na igreja, seguia-se uma em que era necessário proferir o nome do príncipe para quem se invocava a protecção divina. Ousadamente o bom do abade garganteou:

— Oh Deus, a cujos pés está o universo, e a quem obedece tudo sob o império do teu servidor fiel o príncipe D. Afonso!, concede-lhe tempos pacíficos, e piedoso afasta dele esta bárbara guerra, para que, regedor do teu