fugira da alma do cavaleiro; mas fora reconcentrar-se na do sacerdote. Nunca Dom Bibas ousara tanto: o fogo da revolta lavrava já no espírito de um vil bobo! O bom do capelão agarrou-se a este pensamento para cerrar os ouvidos à voz da consciência que lhe dizia terem batido no alvo os motejos cruéis do chocarreiro. Assim, com meneios entre hipócritas e altivos, afastou-se dos dois sem os saudar, e desapareceu no meio da turba dos cavaleiros, jurando pela pele a Dom Bibas, e prometendo relatar ao conde de Trava, nessa mesma noite se pudesse, todas as circunstâncias daquela conversação.
A hora, porém, a que o sarau devia acabar soou. A bela infanta estremeceu ao ouvi-la bater na campa da torre albarrã. Sentiu alargar-se a mão de ferro que lhe apertava o coração; a íntima agonia, que a política do conde lhe obrigava a velar sob o aspecto mentido do contentamento, poderia afinal dilatar-se na soledade em torrentes de lágrimas. Encostada ao braço de Fernando Peres, e seguida das suas donzelas, D. Teresa atravessou os aposentos imediatos e recolheu-se à sua câmara. Os ricos-homens e filhos de algo começaram a sair, e pouco a pouco a sala ficou deserta. Apenas um cavaleiro com os