Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/143

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homem nos acommette, ou um tiro nos vem ferir.

Cambaleante e trôpega, Florinda déra o andar arrimando-se no hombro da filha.

— Que tens, Luizinha, que olhas tão horrorizada para aquella banda? Fez-te algum damno o assassino?

— Não, nada me fez. Mas eu tenho mêdo destes lugares. Nunca mais virei buscar agua aqui.

— Conta-me tudo, Luizinha. Como te livraste do malfeitor? Quem era elle? Não o conheceste? Seria o Cabelleira?

— Não sei, não sei, minha mãi. Estava já tão escuro quando elle appareceu... Sei porém, que elle se compadeceu de mim.

— Estás dizendo a verdade, Luizinha?

— Sim, minha mãi; elle não me offendeu. Dando mostras de estar arrependido, fugiu logo depois, e não voltou mais.

— Malvado! disse Florinda. Que pancada me deu elle! Põe a mão em minha fonte. Vê como fiquei. Virgem santissima! Não sei como não me saltaram os miólos. Mas... ampara-me bem, que uma nova perturbação me vem tirar os sentidos. Ampara-me, sinão caio. Não posso andar mais.

— Temos de feito andado muito, minha mãi, e deve estar cansada.