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Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/169

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O Theodosio unicamente suspeitava o que dizia estar para acontecer. Fino, matreiro, como era, facilmente previra que não ficaria sem punição o crime que haviam elles commettido na villa.

— Ora, Theodosio! redarguiu José com mostras de fazer pouco do que lhe dizia o camarada. Eu, por ser bicho do mato, é que não hei de cahir no mondé. Olha tu: emquanto houver mata virgem por esse mundão de meu Deus, podem elles mandar contra mim os soldados que quizerem, que não me apanham, ainda que sejam tantos como formigas. Não me hão de ver nem a fumaça.

— Não digo menos disso, respondeu Theodosio.

— Eu sou cabra mesmo damnado — proseguiu Cabelleira. Quem se engana comigo é porque quer. Metto a unha no chão, e entro no ôco do mundo para nunca mais ninguem me pôr o olho em cima. As matas de Serinhaem, Agua-preta, Goitá, Goyanna, Parahyba, Rio-grande ahi estão bem fresquinhas para esconderem em seu seio a onça pintada. É bom que não me assanhem. Si o governador duvidar do meu sério, sou capaz de me largar daqui pi, pi, até á villa, e lá mesmo vou mostrar-lhe com quantos páos se faz jangada.