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MONTEIRO LOBATO

nhado de fios e grandes carreteis de arame, que, em calão, eu definiria muito bem com a palavra estrumela. Mas guardei o vocabulo, visto que a lição da Groenlandia inda estava muito fresca em minha memoria.

— Consigo assim, proseguiu o sabio, concentrar nas minhas mãos o presente, isto é, o momento actual da vida do universo, como immensa paizagem panoramica que toda se reflecte numa chapa photographica e nella se conserva latente até que vá ao banho revelador. Quer isto dizer que na corrente continua, invisivel como o fluido electrico, que gyra naquelle cahos apparente de fios, selenoides e bobinas, está tudo quanto constitue o momento universal !

Apesar da segurança do velho sabio e da solidez das suas deducções, eu permanecia numa vaga duvida. Na minha curteza mental, eu achava excessivo estar tudo quanto existe reduzido a tão homeopathicas proporções e, inda mais, impalpavel e invisivel. O professor Benson adivinhou a minha indecisão e esmagou-a como quem esmaga uma pulga .

— Sabe o que é isto? perguntou, mostrando-me uma sementinha de minusculas dimensões.

— Uma semente, respondi.

— E que é uma semente? Uma predeterminação. Aqui dentro está predeterminada uma arvore de colossaes dimensões que