— Com quem te esfregavas tu, sua vaca?! bradou ele, a botar os bofes pela boca.
E, antes que ela respondesse, já uma formidável punhada a fazia rolar por terra.
Leacádia abriu num berreiro. E foi debaixo de uma chuva de bofetadas e pontapés que acabou de amarrar a roupa.
— Agora eu vi! sabes! Nega se fores capaz!
— Vá à pata que o pôs! exclamou ela, com a cara que era um tomate. Já lhe disse que não quero saber de você pra nada, seu bêbedo!
E, vendo que ele ia recomeçar a dança, abaixou-se depressa, segurou com ambas as mãos um matacão de granito que encontrou a seus pés, e gritou, erguendo-o sobre a cabeça:
— Chega-te pra cá e verás se te abro aqui mesmo ou não o casco!
O ferreiro compreendeu que ela era capaz de fazer o que dizia e estacou lívido e ofegante.
— Arme a trouxa e rua! sabe?
— Olha a desgraça! Tinha de muito assentado de ir! Queria era uma ocasião! Nem preciso de você pra nada, fique sabendo!
E, para meter-lhe mais raiva, acrescentou, empinando a barriga:
— Já cá está dentro com que hei de ganhar a vida! Alugo-me de ama! Ou pensará que todos são como você, que nem para fazer um filho serve, diabo do sem-préstimo?
— Mas não me hás de levar nada de casa! Isso te juro eu, biraia!
— Ah, descanse!