— Então o senhor anda-me aqui a fazer conquistas, hein?!... disse o patrão, meneando a cabeça. Muito bem! Pois agora é tomar conta da fazenda e, como não gosto de caixeiros amigados, pode procurar arranjo noutra parte!...
Domingos não respondeu patavina; abaixou o rosto e retirou-se lentamente.
O grupo das lavadeiras e dos curiosos derramou-se então pela venda, pelo portão da esta agem, pelo frege, por todos os lados, repartindo-se em pequenos magotes que discutiam o fato. Principiaram os comentários, os juízos pró e contra o caixeiro; fizeram-se profecias.
Entretanto, Marciana, sem largar a filha, invadira a casa de João Romão e perseguia o Domingos que preparava já a sua trouxa.
— Então? perguntou-lhe. Que tenciona fazer?
Ele não deu resposta.
— Vamos! vamos! fale! desembuche!
— Ora lixe-se! resmungou o caixeiro, agora muito vermelho de cólera. — Lixe-se, não!... Mais devagar com o andor! Você há de casar: ela é menor!
Domingos soltou uma palavrada, que enfureceu a velha.
— Ah, sim?! bradou esta. Pois veremos!
E despejou da venda, gritando para todos:
— Sabe? O cara de nabo diz que não casa!
Esta frase produziu o efeito de um grito de guerra entre as lavadeiras, que se reuniram de novo, agitadas por uma grande indignação.
— Como, não casa?!...