Página:O cortiço.djvu/230

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— Ah! Isso é dos livros! Arranje-me você o negócio e não se arrependerá...

— Conforme, conforme...

— Creio que não me supõe um velhaco!...

— Pelo amor de Deus! Sou incapaz de semelhante sacrilégio!

— Então!...

— Sim, sim... em todo o caso falaremos depois, com mais vagar... Não é sangria desatada!

E desde então, com efeito, sempre que os dois se pilhavam a sós discutiam o seu plano de ataque à filha do Miranda. Botelho queria vinte contos de réis, e com papel passado a prazo de casamento; o outro oferecia dez.

— Bom! então não temos nada feito... resumiu o velho. Trate você do negócio só por si; mas já lhe vou prevenindo de que não conte comigo absolutamente... Compreende?

— Quer dizer que me fará guerra...

— Valha-me Deus, criatura! não faço guerra a ninguém! guerra está você a fazer-me, que não me quer deixar comer uma migalha da bela fatia que lhe vou meter no papo!... O Miranda hoje tem para mais de mil contos de réis! Agora, fique sabendo que a coisa não é assim também tão fácil, como lhe parece talvez...

— Paciência!

— O Barão há de sonhar com um genro de certa ordem!... Ai algum deputado... algum homem que faça figura na política aqui da terra!

— Não! melhor seria um príncipe!...

— E mesmo a pequena tem um doutorzinho de boa família; que lhe