Página:O cortiço.djvu/255

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olhos fechados o relógio da parede. Oito e meia. Vamos a outra garrafa, mas agora pago eu!

Beberam de novo, e o coadjutor de Jerônimo observou depois:

— Você hoje ferrou-a deveras! Estás que te não podes lamber!

— Desgostos... resmungou o capoeira, sem conseguir lançar da boca a saliva que se lhe grudava à língua.

— Limpa o queixo que estás cuspido. Desgostos de quê? Negócios de mulher, aposto!

— A Rita não me apareceu hoje, sabes? Não foi e eu bem calculo por quê!

— Por quê?

— Porque a peste do Jerônimo voltou hoje à estalagem!

— Ahn! não sabia!... A Rita está então com ele?...

— Não está, nem nunca há de estar, que eu daqui mesmo vou à procura daquele galego ordinário e ferro-lhe a sardinha no pandulho!

— Vieste armado?

Firmo sacou da camisa uma navalha.

— Esconde! não deves mostrar isso aqui! Aquela gente ali da outra mesa já não nos tira os olhos de cima!

— Estou-me ninando pra eles! E que não olhem muito, que lhes dou uma de amostra!

— Entrou um urbano! Passa-me a navalha!

O capadócio fitou o companheiro, estranhando o pedido.

— É que, explicou aquele, se te prenderem não te encontram ferro...