interrogou-o por sua vez e, como não havia novidade, tomou Botelho pelo braço e convidou-o a sair.
— Fique para jantar. São quatro e meia, segredou-lhe na escada.
Já não era preciso prevenir lá defronte porque agora o velho parasita comia muitas vezes em casa do vizinho.
O jantar correu frio e contrafeito; os dois sentiam-se ligeiramente dominados por um vago sobressalto. João Romão foi pouco além da sopa e quis logo a sobremesa.
Tomavam café, quando um empregado subiu para dizer que lá embaixo estava um senhor, acompanhado de duas praças, e que desejava falar ao dono da casa.
— Vou já, respondeu este. E acrescentou para o Botelho: — São eles!
— Deve ser, confirmou o velho.
E desceram logo.
— Quem me procura?... exclamou João Romão com disfarce, chegando ao armazém.
Um homem alto, com ar de estróina, adiantou-se e entregou-lhe uma folha de papel.
João Romão, um pouco trêmulo, abriu-a defronte dos olhos e leu-a demoradamente. Um silêncio formou-se em torno dele; os caixeiros pararam em meio do serviço, intimidados por aquela cena em que entrava a polícia.
— Está aqui com efeito... disse afinal o negociante. Pensei que fosse livre...
— É minha escrava, afirmou o outro. Quer entregar-ma?...
— Mas imediatamente.