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Página:O cortiço.djvu/90

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para a esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueciam a sua fisionomia com um realce fascinador.

Acudiu quase todo o cortiço para recebê-la. Choveram abraços e as chufas do bom acolhimento.

Por onde andara aquele diabo, que não aparecia para mais de três meses?

— Ora, nem me fales, coração! Sabe? pagode de roga! Que hei de fazer? é a minha cachaça velha!...

— Mas onde estiveste tu enterrada tanto tempo, criatura?

— Em Jacarepaguá.

— Com quem?

— Com o Firmo...

— Oh! Ainda dura isso?

— Cala a boca! A coisa agora é séria!

— Qual! Quem mesmo? Tu? Passa fora!

— Paixões da Rita! exclamou o Bruno com uma risada. Uma por ano! Não contando as miúdas!

— Não! isso é que não! Quando estou com um homem não olho pra outro!

Leocádia, que era perdida pela mulata, saltara-lhe ao pescoço ao primeiro encontro, e agora, defronte dela, com as mãos nas cadeiras, os olhos úmidos de comoção, rindo, sem se fartar de vê-la, fazia-lhe perguntas sobre perguntas:

— Mas por que não te metes tu logo por uma vez com o Firmo? por que não te casas com ele?

— Casar? protestou a Rita. Nessa não cai a filha de meu pai! Casar? Livra! Para quê? para arranjar cativeiro?