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cinco pires de madeira ou de metal, o cofre de estanho contendo o chá em folhas e ainda o pequenino recipiente em porcellana chamado yuzamashi, cuja ordinaria serventia vae muito em breve conhecer-se. O sentimento artistico japonez deprava-se naturalmente ua industria de hoje, em grande parte com destino á exportação para a Europa e para a America: é nos utensilios communs de uso indigena, onde não intervem a modernismo, que ainda reside o gosto esthetico, puro e inconfundivel, da gente japoneza, revelando por si o complicado conjuncto de esmeros, de elegencias, de chimeras, em que a alma d'este povo se deleita. No que respeita o serviço de chá, é innarravel a gentilea de todo este arsenal de bagatelas, minusculas, dando a impressão de serem destinadas a um banquete de bonecas! . . .

A agua passa da chaleira para o yuzamashi, onde arrefece, pois é preceito fazer-se o chá com agua que ferveu, mas ja não ferve; prepara-se depois no bule a, infusão, que é offerecida aos hospedes nas pequeninas taças de fina porcellana.

Eis a singela practica e eis a modesta offerta, actos da vida intima não poucas vizes repetidos durante cada dia, desde pela manhã até á noite. Poderiam julgar-se sem meritos que valessem