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Bom é dizer agora que os codigos referentes a materia tão grave não innumeros, diversas as escolas; e os grandes profissionaes, chájin (homens do chá), de celebridade immoredoira, centenas de volumes escreveram sobre o assumpto.

Tudo foi regulamentado e comporta um preceito, que não é licito esquecer. Nos tempos aureos do cha-no-yu, o pavilhão que recebia os hospedes eu construido n'um jardin e obedecia a uma architectura inconfundivel. No seu arranjo interno, para a côr das paredes, para a disposição de luz, para o numero das esteiras, para a jarra com flores ou com um ramo de arvore, havia praxes a seguir; o kakemono (quadro suspenso da parede) devia representar uma paizagem que fôsse impressionar a pupilla com carinho: ou antes uma simples sentença escripta por um pincel de mestre calligraphico, pois nada commove tanto a aguda sensibilidade d’esta gente como os seus caractéres de estranha construcção, cada um equivalendo já a uma synthese de ideas e predispondo,

pela sentida contemplação, — ora por uma desenvoltura de traço, ora por uma ondulação de curva, — ao vago discorrer da alma sonhadora. . .