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Página:O ermitão do Muquem (1864).djvu/108

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tendo aos pés essa torrente, amparados por este penedo e guardados pela tempestade, pudessem estes momentos prolongar-se por toda a eternidade!

Estas palavras coavam docemente pelos atentos ouvidos de Guaraciaba, e lhe ressoavam na alma como um hino celestial. Ela sentia-se ao mesmo tempo enternecida e ufana por ouvir aquele altivo e indômito guerreiro pronunciar a seus pés palavras do mais submisso e mavioso amor, e respondeu-lhe cheia de emoção:

— Itajiba, tuas falas são mais doces para a minha alma do que os favos da jataí, ou o suco delicioso do abacaxi. Elas fazem-me palpitar o coração como a flor que estremece ao bafejo perfumado das brisas da manhã. Tu me amas, bem o sei: e o amor que te consagro, também não é para ti nenhum segredo, embora meus lábios não o tenham revelado. A flor mesmo nas trevas se trai pelo seu perfume; a fonte do deserto escondida entre os rochedos se revela por seu murmúrio ao caminhante sequioso. Desde os primeiros momentos tu viste meu coração abrir-se para ti, como a flor do manacá aos primeiros raios do sol. Sinto que não poderei viver mais senão ao teu lado e à tua sombra; se eles quiserem separar-me de ti, ah! morrerei como a flor que da sombra orvalhada do bosque foi transplantada para os areais de fogo. Mas, Itajiba, confiemos na proteção do céu; Tupá é bom e ampara os amores