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Página:O ermitão do Muquem (1864).djvu/135

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traidor estrangeiro, pois queriam dar-lhe o castigo que mereciam seus embustes e pérfidias. Já mesmo algumas flechas sibilavam por cima do teto, e alguns guerreiros furiosos ameaçavam transpor as soleiras da habitação do chefe. Também não mui longe se achavam reunidos em bandos os amigos de Itajiba, prontos a defendê-lo a todo o risco e a libertá-lo, caso caísse nas mãos de seus adversários. Um grande alvoroço popular, um renhido e sanguinolento conflito estava prestes a fazer explosão. O sangue dos Chavantes ia correr em torno da taba de seu antigo e ilustre chefe, sem que nenhum inimigo estranho viesse acometê-los, mas derramado por suas próprias mãos. Itajiba, que de dentro da taba ouvia os furiosos clamores de seus inimigos, dirigiu-se resolutamente à presença de Oriçanga.

— Velho e ilustre cacique, lhe diz ele, por minha causa vejo que vossos lares são desacatados por vossos guerreiros revoltados; compreendo que não posso existir entre vós sem perturbar o sossego e a união de vossos vassalos; eles pedem minha morte; deixai-me pois ir a eles; deixai-me morrer a seus golpes, já que não sirvo entre vós senão para elemento de discórdia e de insubordinação. Seja-me lícito ao menos, para testemunhar minha lealdade, verter o meu sangue em favor de vossa tranqüilidade e da de vosso povo.

Assim falou, e dirigindo-se para a porta precipitadamente,