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Página:O ermitão do Muquem (1864).djvu/153

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velho cacique, se bem que nem de leve lhe fascinassem a alma afeiçoada à simplicidade e rudeza da vida selvática. Entre outros objetos ofereceu-lhe, preso a uma cadeia de fino e puro ouro, um lindo relógio, do qual explicou-lhe a natureza e utilidade.

— Ah! murmurou o velho em tom merencório, agradeço-te o mimo precioso que me ofertas, e que dá uma alta idéia do artificioso engenho desses que foram teus senhores; mas porventura o sol e a lua não me têm bastado até hoje para marcar no céu o tempo que vai passando? o pouco que me resta viver, que me importa medi-lo?... Tupá lá do alto do céu conta os meus dias, e quando lhe aprouver ele os cortará... Mas já te compreendo, Itajiba; tu julgas, e com razão, que o tempo que ainda me resta passar sobre a terra já não pode ser contado por sóis nem por luas, mas somente por essas pequeninas porções que estão marcadas neste instrumento.

— Não, respeitável cacique, volve-lhe Itajiba; tal pensamento não me podia passar pelo espírito; inúmeros sóis podem ainda surgir sobre teus dias, e preserve-nos o céu de ver tão cedo tombar o cedro altaneiro a cuja sombra se tem abrigado e engrandecido a valerosa nação dos Chavantes. Mas eis aqui um bálsamo divino, que te regenerará o sangue, e te restaurará as forças alquebradas pelo tempo. Prova dele,