tão penível e cruel, acreditou em suas palavras e esperou.
De feito, como chegasse o terceiro dia da festas nupciais, ao pôr-do-sol Inimá disse ao seu amigo:
— Anhambira, eis aí chegado o dia em que Itajiba vai ver coroados todos os seus desejos recebendo por companheira tua formosa irmã, e em que eu, amaldiçoado pelos céus e repelido pelos homens, irei longe daqui pôr termo a esta odiosa existência. Vai, meu amigo, vai ver e abraçar tua bela e feliz irmã e esse teu novo irmão que não conheces. Possas tu viver junto deles vida longa e feliz, e não te esquecer jamais do teu infortunado amigo, que ralado de amarguras, abandonado pelo céu e pelos homens, só poderá encontrar repouso no seio da morte. Vai, Anhambira, e recebe o meu último e doloroso adeus!
Anhambira respondeu-lhe chorando:
— Quão mal me conheces tu, Inimá, a mim, que sempre te amei e te acompanhei em todos os trances da vida! como acreditas que eu possa abandonar-te hoje, quando mais precisas de um amigo leal e dedicado que te alente e console no infortúnio em que jazes?... irei somente ver minha irmã e dizer-lhe o último adeus, pois não poderei viver em companhia desse estrangeiro teu rival e teu algoz, e voltarei a teu lado para acompanhar-te sempre e a toda parte que fores. Adeus, que breve estarei de novo contigo.