o fino ouro extraído das ricas minas de Goiás, em rosários, cordões, caixilhos, medalhas que lhes ocultavam quase completamente o seio.
A aguardente de cana e outros licores circulavam com abundância à discrição dos convivas.
Uns a tomavam simples, ou da lisa, conforme a expressão do país; outros preferiam a assada, isto é, aguardente queimada com açúcar. As cabeças se atordoavam de mais a mais, o batuque fervia cada vez mais animado, e os heróis da festa nessa dança doida e vertiginosa ensopavam as camisas exalando pelos poros toda a cachaça que bebiam.
Entre as raparigas, que lá se achavam, havia uma que pelo seu garbo e formosura era o desassossego de todos os corações, e o alvo de todos os desejos. Era uma moreninha de dezessete a dezoito anos, travessa e viva como uma lontra, bonita como seria difícil encontrar outra igual, mas louca e leviana como uma criança. Tinha por nome Maria, que a gente da família e depois também o povo trocou pelo apelido de Maroca, pelo qual era geralmente conhecida.
Todos ardiam por obter um sorriso, um olhar, um pequeno sinal de preferência daquela encantadora menina; porém nenhum ousava declarar-lhe seus sentimentos, nem requestá-la mui abertamente, porque todos sabiam que Reinaldo, o amigo de Gonçalo, que a tinha em casa em sua companhia, a amava extremosamente.