emoção, saltou logo na sala com o maior desembaraço exclamando:
— Êh! com mil diabos! tens razão, compadre; viva o prazer, leve o diabo a tristeza, e vamos com a folia por diante. O que sucedeu foi uma bagatela sem importância. Não é a primeira vez, nem será a última, que se vê dois homens puxarem faca um contra outro; nós não somos crianças; e se Reinaldo entende que eu o agravei, não faltará ocasião nem lugar mais oportuno em que possa desagravar-se: não é assim, Reinaldo?
— Sem dúvida, rosnou Reinaldo com voz carregada.
— Viva a paz! viva a alegria! exclamou mestre Mateus batendo palmas. Falou quem pode: não há mais motivo de desgosto; toca a folgar. Mas agora, camaradas, caluda sobre este negócio! Não quero por modo nenhum que se saiba aí por essas ruas, que em minha casa, onde nunca houve desordens, e sempre gozou de muito boa fama, puxaram-se facas, e esteve-se em termos de ver correr sangue. O passado, passado; faça-se de conta que nada houve e toca a folgar. Olá das violas, vamos com isto!... um vai-de-roda bem esquentado!
As violas ressoaram, e a dança recomeçou, se bem que ainda um tanto fria e constrangida. Gonçalo porém dançava, palrava e gritava por todos com a