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Página:O ermitão do Muquem (1864).djvu/63

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se em ir depor cheio de orgulho aqueles troféus, tão facilmente conquistados, aos pés do poderoso Oriçanga e da formosa Guaraciaba.

A taba do velho cacique Oriçanga, mais vasta e mais sólida que todas as outras, com sua porta guarnecida de flechas e lanças enfeitadas de vistosos penachos, com seu teto de palmas de baguçu tingidas de oca e de urucu, mirava-se galhardamente na torrente do Tocantins, e elevava-se entre as outras cabanas como a garça, rainha dos lagos, entre um bando de pequenas aves. A noite se aproximava. Sentado à porta da taba sobre a pele enorme de uma onça negra, Oriçanga esperava com impaciência que lhe trouxessem vivo ou morto o audacioso estrangeiro que assim ousava resistir a seus guerreiros, indignado de que tantos combatentes gastassem tanto tempo e achassem tamanha dificuldade em matar ou prender um só homem. Em pé junto dele, como tímida corça junto ao leão deitado, a gentil Guaraciaba tinha também os olhos fitos com ansiosa curiosidade nas canoas, que da outra margem vinham ligeiramente singrando.

Dentro em poucos minutos o corpo de Gonçalo inanimado e banhado em sangue, conduzido em uma rede com todas as suas armas, foi posto aos pés do velho cacique. Inimá e seus companheiros precediam o cadáver, soltando clamores de feroz alegria. O cacique porém os recebeu com semblante torvado, e ouviu com impaciência