sua afronta no sangue do atrevido forasteiro que dela fora a causa. Nas tabas pois com Oriçanga e sua filha ficara apenas uma pequena parte da tribo, pela maior parte velhos, mulheres e crianças, e uma escolta de guerreiros escolhidos eram como uma guarda do velho cacique.
Logo que Gonçalo se achou fora de perigo e algum tanto restabelecido de suas forças, foi conduzido pela gentil Guaraciaba à presença do velho chefe, para narrar-lhe suas aventuras. Junto à margem do rio, à sombra de uma colossal figueira silvestre, achava-se sentado o velho cacique rodeado de alguns guerreiros veteranos, com os quais se comprazia em rememorar as façanhas das eras de outrora, e com essas lembranças do passado sua alma se expandia como o velho e carcomido tronco da floresta já sem seiva nem folhagem, cujo calvo tope se enrama de viçosas parasitas e floridas trepadeiras. Gonçalo se assentou no meio deles; servia-lhe de assento a saliência de uma das enormes raízes do tronco. A mimosa filha de Oriçanga apresentou a cada um dos circunstantes um vaso de cauim, e um cachimbo aceso, que circulou de boca em boca, em sinal de paz e boa amizade. Assentada sobre a relva a alguns passos em frente de Gonçalo, com os pés encruzados, o braço pousado sobre os joelhos e a face sobre a mão, Guaraciaba, que nesse momento oferecia à estatuária o mais original e gracioso