Saltar para o conteúdo

Página:O imperio brazileiro.pdf/163

Wikisource, a biblioteca livre
CAPITULO VI
151

dos seus chefes hierarchicos. O incidente durante a guerra do Paraguay, entre Caxias e Zacharias, quando o politico conservador se achou na dependencia do politico liberal, deixara o fermento de uma desintelligencia entre o poder militar e o poder civil. Emittindo o parecer que o ministro devia continuar á frente dos negocios publicos, o conselho d'Estado salvaguardara os interesses da ordem civil, ao passo que o Imperador, preoccupado com o andamento da campanha de que dependia muito o futuro do Brazil, tomava partido pelos melindres da espada.

Em 1875 houve um novo gabinete presidido pelo marechal-duque, chefe dos chefes conservadores, Osorio (marquez do Herval) foi ministro da guerra em 1878, bem como Camara (visconde de Pelotas) em 1880 e escolhido senador; varios generaes, conservadores uns, liberaes outros, foram agraciados com titulos, por propostas dos seus correligionarios no poder e, por fim, rompendo-se a tradição dos ministros civis nas pastas militares, a de Guerra e a da Marinha foram confiadas, no gabinete liberal Ouro Preto, o ultimo da monarchia, a officiaes superiores, o marechal visconde de Maracajú e o almirante barão de Ladario. A influencia das forças armadas contava, portanto, como um elemento assaz importante nos destinos politicos de uma nação da qual escrevera um diplomata allemão, durante a Regencia, nos seus relatorios officiaes[1] que «considerava a auctoridade legal como um freio imposto á sua vontade e a disciplina como uma tyrannia», reivindicando a classe militar o seu direito de negar obediencia passiva ao governo emquanto attentasse contra a sua consciencia ou as suas convicções.

O assassinato, em Outubro de 1883, de Apulchro de Castro, redactor d'O Corsario, pasquim insultador das reputações, crime commetido por officiaes não disfarçados, nas barbas da auctoridade, em plena rua do Lavradio, perto da repartição de policia, onde o jornalista amedrontado fôra pedir protecção, denunciara

  1. F. Tietz, Brasilianische Zustände. Nach gesandtschaftlichen Berichten bis zum Jahre 1837. Berlim, 1839.