Estavam todos curiosos de saber como fôra a coisa e rodearam-no.
— Conta por miudo a historia, João.
— Muito simples, respondeu elle com seccura. Encontrei um pacote de dinheiro que não era meu e entreguei-o, ahi está.
— Ao dono?
— Não. A um chefe, lá. ..
— Muito bem, muito bem. Mas, escuta cá: não devias ter entregue o dinheiro antes de saber a quem pertencia.
— Perfeitamente, acudiu um outro. Antes de saber a quem pertencia e antes que o dono o reclamasse...
— ... e provasse — pro-vas-se que era delle! concluiu um terceiro.
João irritou-se.
— Mas que é que teem vocês com isso? Fiz o que a minha consciencia ordenou, e prompto! Não comprehendo essa meia-honestidade que vocês preconisam, ora bolas!
— Não se abespinhe, amigo! Estamos dando nossa opinião sobre um facto publico que os jornaes noticiaram. Você hoje é um caso, e os casos debatem-se.