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Monteiro Lobato

mentar os oito filhos pequenos e mais o nono, de bigodes.

A doença começou a derreal-a.

Mas como se galvanizava! Como insistia na terrivel lucta sem tregoas! Dona Izabel transformava em alento os carinhos do esposo. Commovia-se com elles, e enlevava-se á noite a ouvil-o dizer, da rede onde se balançava, de pernas cruzadas, lançando baforadas para o ar:

— Izabel, como me dóe ver-te sempre pedalando essa machina! Porque não descanças um pouco? (Baforada). Tenho o coração em chaga viva, pisado, torturado pela dor de não poder alliviar-te. (Baforada). Tu me matas, Izabel, e eu...

Numa dessas vezes espicaçou-o uma idéa. Ergueu-se de salto e disse:

— Isto não pode ficar assim. Vou agarrar o coronel na rua e obrigal-o a dar-me o posto de fiscal da Camara. Se o não fizer, mato-o!

A mulher, assustada, interrompeu a costura.

— Pelo amor de Deus, Théo, não me vás commetter alguma loucura!...