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Fatia da vida

— Vamos ao caso!

— Viuva com quatro filhos, a heroica Izaura matava-se no trabalho incessante. Aquellas mãos vermelhas e curtidas... Aquelles braços requeimados... Que machinas! Era do movimento delles que vinha o sustento da casa. Parassem, repousassem — e a Fome, esqualida megera que ronda os bairros pobres, metter-se-ia portas a dentro.

— Deixemos isso...

— Izaura, minha pontualissima lavadeira, não me appareceu, como de costume, com a sua bandeja de roupa lavada, no primeiro sabbado da grippe. Em lugar della veio uma vizinha.

— "A Izaura? perguntei-lhe.

— "Anda ás voltas com os filhos. Deu lá a "hespanhola" e a pobre está numa roda viva.

— "Hei de ir vel-a, coitada!

— "E' caridade que o senhor faz. A pobre é bem capaz de endoidecer.

Não fui. Impediu-m'o a propria grippe, cujos primeiros symptomas nesse mesmo dia comecei a sentir. Passei de môlho duas semanas e quando me levantei e me preparava para