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O MANDARIM

 

Eram onze horas quando desci ao meu beliche. As luzes já estavam apagadas: mas a lua que se erguia ao nivel da agua, redonda e branca, batia o vidro da cabine com um raio de claridade: e então, a essa meia tinta pallida, lá vi estirada sobre a maca a figura pançuda, vestida de sêda amarella, com o seu papagaio nos braços!

Era elle, outra vez!

E foi elle, perpetuamente! Foi elle em Singapura e em Ceylão. Foi elle erguendo-se dos areaes do deserto ao passarmos no canal de Suez; adiantando-se á prôa d’um barco de provisões quando parámos em Malta; resvalando sobre as rosadas montanhas da Sicilia; emergindo dos nevoeiros que cercam o môrro de Gibraltar! Quando desembarquei em Lisboa, no