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Página:O mandarim (1889).djvu/28

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O MANDARIM

 

todo o meu raciocinio se insurgiu resolutamente contra esta imaginação. Eu nunca acreditei no Diabo — como nunca acreditei em Deus. Jámais o disse alto, ou o escrevi nas gazetas, para não descontentar os poderes publicos, encarregados de manter o respeito por taes entidades: mas que existam estes dois personagens, velhos como a Substancia, rivaes bonacheirões, fazendo-se mutuamente pirraças amaveis, — um de barbas nevadas e tunica azul, na toilette do antigo Jove, habitando os altos luminosos, entre uma côrte mais complicada que a de Luiz XIV; e o outro enfarruscado e manhoso, ornado de cornos, vivendo nas chammas inferiores, n’uma imitação burgueza do pittoresco Plutão — não acredito. Não, não acredito! Céo e Inferno são concepções sociaes para uso da plebe — e eu pertenço á classe-mé-