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O MANDARIM

 

se levado ao cume d’uma montanha na Palestina, por uma noite de lua-cheia, e ahi, mostrando-me cidades, raças e imperios adormecidos, sombriamente me dissesse: — «Mata o Mandarim, e tudo o que vês em valle e collina será teu», — eu saberia replicar-lhe, seguindo um exemplo illustre, e erguendo o dedo ás profundidades constelladas: — «O meu reino não é d’este mundo!» Eu conheço os meus auctores. Mas eram cento e tantos mil contos, offerecidos á luz d’uma vela de stearina, na travessa da Conceição, por um sujeito de chapéo alto, apoiado a um guardachuva...

Então não hesitei. E, de mão firme, repeniquei a campainha. Foi talvez uma illusão; mas pareceu-me que um sino, de bôca tão vasta como o mesmo céo, badalava na escuridão, através do Universo, n’um tom temeroso que de-