Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/114

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impedir que se afogasse aquele que aliás estava nadando em puro fogo, gritou da beira da cova a Benedicto, com voz comovida:

— Pegue-se neste pau e suba por ele para não se queimar. Eu nem pensei no fogo que havia ai dentro.

Era ainda cedo e o casal de pretos, inquilinos da palhoça, o qual tinha ido à Goiana, a serviço do engenho, só poderia estar de volta sobre a tarde ou talvez no dia seguinte.

Quando Benedicto disse isto a Lourenço, sentiu este ainda maior abalo. A situação afigurou-se-lhe então mais difícil e penosa do que ao principio lhe parecera. Quem trataria do negro, que se revolvia, em gritos, já salvo do fogo, mas preso das extensas queimaduras, sobre folhas secas à sombra de um cajueiro próximo? Era possível que ele ficasse assim desamparado por todo esse tempo? E os gritos de dor que cada vez aumentavam mais, e o terror da situação que se tornava mais pungente e cruel, como resistir a eles sem tratar de os remediar?

Lourenço ficou abatido um momento, mas logo tornou em se e disse à vitima dos seus maus instintos: