Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/187

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Marianinha de feito enganava-se. Toda ela era afetos por Lourenço; mas este não tinha para ela especiais atenções.

Mas, fosse engano, ilusão ou infantil confiança, esse amor fantástico, ideal, impossível talvez enchia-lhe o coração de suavíssimos fulgores, a alma de todos os perfumes e cânticos do paraíso terreal, de que ela tinha uma ligeira noticia por ouvir, quando era menina, a historia do princípio do mundo a uma velhota das bandas de Nossa-Senhora-do-ó. Quando na manhã seguinte ela foi achar murcho o dente d’alho que enterrara na horta ao acender da fogueira, o que importava profético sinal de que Lourenço não casaria com ela, os olhos se lhe encheram de lágrimas. Supersticiosa e crédula, como é a mulher em geral e a filha do povo em particular, a pobre menina por um triz não deu consigo em terra, tão grande foi o golpe que atravessou seu coração.

Não aconteceu já o mesmo a Bernardina. Para esta noite de S.João foi uma grande aurora sem intervalos. Suas aspirações sendo menos altas, a sorte apressou-se em cercá-las de risonhos anuncios. Era de feito modesto o objeto delas. Este objeto era Saturnino,