Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/223

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Lauriano tinha sua tenda na rua do Rosário, perto da loja de Antonio Coelho. Era, como quase todos os sapateiros, paroleiro, indagador da vida alheia, e por isso sabedor de muita particularidade e segredo intimo. Seus freqüentadores não tinham nem podiam ter para ele reservas.

Na dita tenda ajuntava-se o povo baixo da vila, que o vinho e o cobre do famoso mercador, por interesseira generosidade dele, faziam simpatizar com a causa dos mascates. Para esta gente estava ela nas mesmas condições que a botica do Rogoberto para o rábula, o meirinho e outros sujeitos de igual estofa. Era o club permanente da plebe. Aí se discutiam com veemência e largueza os negócios da amiga e da inimiga parcialidade. Não raras vezes, no estreito recinto desse