Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/308

Wikisource, a biblioteca livre

fronteiro à igreja do Carmo. Ficava olhando para o cruzeiro de pedra que aí se vê e do qual se diz que em seus alicerces se acha enterrado grande tesouro destinado pelo instituidor à reedificação do convento, se suceder que venha a cair em ruínas.

Esta tradição existia já em 1711 porque, por ocasião de um dos oitos motins de que, durante a guerra dos mascates, foi teatro Goiana, um bando da gente do Tunda-Cumbe atirou-se ao cruzeiro, e a uso dos vândalos, que tudo destruíam, mutilou parte da larga e solida peanha, sobre a qual ainda hoje se mostra assente a cruz, e fez profundas escavações, afim de ver se davam com o cabedal oculto. Não se sabe se a sua expectativa foi satisfeita ou iludida. Neste ponto a tradição anda adiante.

Com o sargento-mór tinha ido para Goiana grande parte da escravatura; o restante ficara no engenho para o guardar e defender, sob as ordens de alguns moradores, entre os quais se apontava o Victorino, cuja intrepidez era por todos conhecida. A mudança fora súbita.

Quando a coluna invasora chegou ao engenho, já era aí esperada; e por isso foi recebida com todas as honras. A defesa tinha