Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/334

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praças estrangeiras, e de entrarem os produtos estrangeiros de que precisamos. Acrescentrai que a fome e a nudez hão de chegar dentro de pouco tempo aos campos e aos sertões. Talvez que, estimulados ou advertidos por vossas palavras, muitos dos que vos escutarem queiram pegar em armas contra o juiz ordinário, o sargento-mór, enfim contra as autoridades atuais que tiveram quase todas por origem monstruosa rebeldia. Se o povo se mostrar deliberado a pegar em armas...

— E porque não se há de mostrar? interrogou Jeronimo Paes.

— Tendes razão, tendes razão. Enfim deixo o resto por vossa conta, Sr. Paes. Bem sabeis que o povo de Goiana deve pegar em armas de hoje até amanhã contra os que se dizem nobres. É indispensável que isto aconteça. É absolutamente necessário que a excitação publica, em vez de se moderar, vá por diante cada vez mais. Ajudados por ela, os amigos, que esperamos, poderão penetrar facilmente na vila e assenhorear-se dela. Acharão os ânimos preparados para a grande empresa.

Estas palavras levaram, como eletricamente, a exaltação, a vertigem ao animo do marchante já de se ardente.