Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/371

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João da Cunha e Cosme Bezerra, compreendendo a gravidade do momento, trataram logo de assentar nos meios de conjurar o cataclismo, que ameaçava engolir fortunas e vidas preciosas.

— O melhor meio — disse Cosme — é reunir as ordenanças e mandar varrer as ruas a panos de espada e a tiros de arcabuz.

— Não, não — disse Filipe Cavalcanti. Nem todos os que enchem as ruas são desordeiros. Procedendo assim, a força publica arrisca-se a ferir famílias inofensivas que fogem da anarquia, e até muitos que são por nós.

— Entendeis então que de outro modo tereis restabelecido o sossego publico? Enganai-vos. Em momentos semelhantes ao presente, quem se deixa guiar pelo coração corre o perigo de morrer às unhas inimigas. O raciocínio, a justiça, o sentimento de humanidade devem estar na ponta da espada, na boca do clavinote, nas patas dos cavalos. Que dizeis, Luiz? perguntou Cosme voltando-se para seu irmão Luiz Vidal, que, de pé, olhava, com mostras de quem tinha o espirito ocupado em acertar com o verdadeiro caminho, ora para o capitão de ordenanças, ora para o sargento-mór.